terça-feira, fevereiro 14, 2006

Olhando para os pés, sempre para os pés.

Mais de sete horas diárias de pé, sem função aparente, um pouco à espera do inesperado.
A vida não tem inesperados. Não. Ninguém se aproximará de ti na rua com um poema. Não se te declará uma paixão secreta aos 35 anos. Nenhuma empresa descobrirá aquilo em que revelas uma competência inata. Nenhum acidente será prevenido com o teu olhar de falcão. Uma velhinha pedir-te-á ajuda para comprar um bilhete, uma criança poderá perguntar-te as horas, um bando de adolescentes poderão fazer-te piretes provocatórios a partir do outro cais, um turista perguntará uma direcção em língua de trapos. Mas isso não é inesperado.
Nos intervalos passarás grande parte do tempo olhando para os pés, sempre para os pés.


| Não parece, mas é amor | Roma | Dez 2006 |

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Anúncio de jornal de um país imaginário

Moradia T2 no interior do país. Centro de Saúde mais próximo sem listas de espera e serviços de enfermagem domiciliários. Biblioteca itenerante passa 2 vezes por semana.


| JPC | Porto | Janeiro de 2006 |