sexta-feira, março 31, 2006

Não acordei no passado porque não adormeci.

No mundo do telégrafo o tráfego internacional era facturado ao caracter a partir dos primeiros 35 caracteres. Perguntava-se frequentemente se os stops também eram pagos. Não senhor, os stops não eram pagos. Um dia os telemóveis acabaram. Não porque os operários chineses se tenham decidido a recusar a fabrica-los ou porque algum poder tutelar o tenha vaticinado. Enfim, há coisas que não têm grande explicação, mesmo quando são bastante bem explicadas. Numa sociedade de informação isso é mesmo muito frequente.

No dia em que eu voltei a usar o telégrafo, percebi espantado que ninguém me percebia quando respondia dois pontos fechar parêntesis. Aguardo que para a semana me seja instalada uma máquina de telex em casa, mas percebo que um curso de Building Cisco Multilayer Switched não me será de grande utilidade no futuro. A carreira técnica nunca foi muito bem compreendida - é verdade descobri-lo da forma mais dura. stop.

Uma coisa é certa, isto de fazer links é muito chato. Ponto e vírgula fechar parêntisis.


| Annabelle | Nancy | 1999 |

quinta-feira, março 23, 2006

Princípios Simples X

Respeitar regras com sentido. Desrespeitar regras sem sentido.


| Semana Santa | Sevilha | Abril de 2001 |

terça-feira, março 14, 2006

We’re only making plans for Nigel

Era um puto bestial. Bem disposto, inteligente, divertido. Muito à esquerda, participava em reuniões onde se discutia política e sempre, sempre se mostrava muito radical, muito intelectual - qualquer coisa - mas sempre muito, sempre muito mais que os outros. Enfim, andava por aí, por ali, mostrava-se, cumprimentava, aparecia mas na verdade ficava sempre a sensação que era um personagem ausente. Sempre que era preciso organizar, telefonar, mobilizar, fazer ou em conjunto construir alguma coisa o moço respeitava os seus compromissos todos: exames (muitos), aulas (a toda a hora) ou jantares de família (diários)...

Daqui a uns anos, quando fôr secretário de estado do oportunismo, onde declarará os grandes princípios da verdade absoluta, consubstanciados em citações fora de contexto de gente muito importante, de nomes da filosofia quer do renascimento quer contemporânea e sobretudo de muitos links para blogues, anunciando breves considerações sobre tudo e sobre nada, o moço será aquilo que se poderá chamar um moço de sucesso. A única questão que me atormenta é se será mesmo feliz. Evidentemente gosto de imaginar que não.

:)


| Wasabi com chá | Porto | 13 de Março de 2005 |

segunda-feira, março 06, 2006

Escrever grandiloquente é uma grandiloquência.

Há uma ambivalência que se esconde no meio. Algo que mistura ódio, paixão, obsessão, indiferença, desejo, repugnância, taciturnidade e vontade de conversar. Os blogues são uma raça maldita, mas por vezes é possível - sim - encontrar gente que se expõe, diz o que pensa sem grandes peneiras e sem precisar de se esconder atrás de citações grandiloquentes. Errância, num domingo de manhã. Offline mas solarengo.


| Com vontade de conversar | Porto | um domingo solarengo | 2006 |