sexta-feira, novembro 04, 2011

O século XXI for dummies

Farrolas, se gostares de uma coisa, carregas nesse botão que diz que tu gostas de uma coisa e essa coisa que tu gostas fica a saber que tu gostas dessa coisa e as outras pessoas que gostam ou não dessa coisa também ficam a saber se tu gostas ou não dessa coisa e então há uns senhores na américa que se lembraram disso e arranjaram maneira de fazer dinheiro com pessoas que gostam de coisas e carregam em botões e com outras pessoas que ficam a ver de que coisas as pessoas gostam ou não gostam.

| aachen | alemanha | 2011 |

quinta-feira, outubro 27, 2011

quarta-feira, setembro 07, 2011

Inauguração de exposição de Avelino Oliveira

ZIL – Zona Industrial Ligeira: por regra, movimentada durante os dias úteis; por regra, vazia aos fins-de-semana. A negação do local para passear ao fim-de-semana ou nos tempos livres de dias não-úteis. O vazio em forma de um lugar transformado em inútil.

terça-feira, maio 31, 2011

Viver sem viver.

«Morrer sem cheirar mal», de Leandro Ribeiro.

«Morrer sem uma mancha nos pulmões, a próstata impecável, o esmalte dos dentes perfeito.
Morrer sem alguma vez um problema gástrico, a tensão arterial nem muito alta nem muito baixa.
Morrer com as mesmas lágrimas com que nasceu.
Morrer e a pele sem um pedacinho rasgado, rompido, queimado.
Morrer sem ter traído.
Morrer sem ter desiludido.
Devolver todos os livros à biblioteca, entregar todos os relatórios atempadamente.
Nunca se enganar nas contas.
Comer peixe todos os dias, comer sopa a todas as refeições, um prato de carne uma vez por semana, um copo de vinho quando sair com os amigos, um bolo de vez em quando.
Viajar com interesse, nunca se perder, esgotar a literatura sobre o país visitado.
Morrer sem ter perdido tempo.
Morrer sem ter perdido um comboio.
Perguntar sempre.
Aos sessenta correr, andar de bicicleta, caminhar junto ao rio.
Morrer com todos os cabelos, a cabeça um orgulho de fios brancos.
Ler poesia.
Ler os clássicos.
Ler o jornal todos os dias.
Não importa se reza ou não reza, mas dar-se aos outros.
Aprender um ou dois instrumentos musicais e praticá-los ao metrónomo.
Nunca esquecer o aniversário dos filhos, nunca esquecer o aniversário dos netos.
Morrer não muito tarde, quando já pesa, não muito cedo, quando faz falta.
Morrer na altura certa.
Morrer e saber a quem deixar o quê.
As unhas bem aparadas, os pelos das narinas, das orelhas.
Morrer e nunca ter perdido uma noite de sono.
Dormir oito horas.
Morrer e nem um inimigo para lhe aplaudir a morte.
Morrer desconhecedor do sabor de prozac ou ginsana ou vitaminas.
Aos oitenta escrever as memórias e dedicá-las à mulher de toda a vida.
Ter as memórias lúcidas aos oitenta.
A roupa nunca acumula no cesto.
A roupa nunca uma ruga quando no corpo.
A roupa nunca uma mancha.
Viver sem cheirar mal.
Morrer sem cheirar mal.»


| porto | maio 2011 |

sexta-feira, maio 20, 2011

Na busca do regresso

«Estas águas nascem junto do céu
Estes corpos são puros e sagrados
Trazem junto ao peito os dias luminosos
E aquecem os seus sonhos perto do mar.

Estas praias são feitas do regresso
Ao tempo em que o tempo já não se conta
Há arcos de luz acesos no olhar
Que deixamos no fundo da idade.»

Esta é uma citação de um álbum dos anos noventa que eu me fartei de ouvir com gosto. :)


| na mesma busca do regresso | aeroporto de sófia | maio 2011 |

quarta-feira, março 30, 2011

Convite

«A fotografia é uma mentira. O cinema são vinte e quatro mentiras por segundo.24 FOTOGRAMAS é uma exposição com vinte e quatro imagens de vinte e quatro curtas-metragens, nas quais foram directores de fotografia alguns dos membros da associação ALT.O cinema é feito de fotografia. Em 24 FOTOGRAMAS, o cinema é fotografia»

[infelizmente não estarei presente mas estarão lá os meus textos e uma foto.]

segunda-feira, março 28, 2011

Aos poucos habituamo-nos a viver sós. Um pouco como o alcoólico que bebe sempre um pouco mais e não se apercebe da sua ebriedade.

Ao aperceber-se do quão torpe é, certo dia é tomado pela consciência da sua situação. Invadem-no dois sentimentos: a culpa e o desejo.

Para mim são um e um só. Infelizmente, acrescento.


| tervuren | bélgica | março 2011 |

quarta-feira, março 09, 2011

Um dia virei aqui escrever um texto sobre a felicidade. Sei que não virei. Mas este é, apesar disso, um texto sobre a felicidade.


| vector3_u | espaço_alt | porto | janeiro 2011 |

quarta-feira, janeiro 05, 2011

Ora aí está um ano que é número primo.

Que em 2011 o IVA a 23% seja do vosso inteiro agrado. É bom que, num ano em que muitas coisas se prevêem um pouco por baixo, alguma coisa possa andar por alto. E sejam optimistas: até 100% o IVA ainda pode subir muito. Na verdade pode subir acima de 100% mas isso não seria uma imagem tão elegante.

Depois espero que as autoridades policiais americanas se possam divertir muito com as vossas impressões digitais e dados biométricos, que o nosso ministro da administração interna, numa atitude de magnânimo interesse planetário, galáctico e mesmo universal, acaba de fornecer ao governo dos Estados Unidos. Em suma... Wikileaks: nem pensar; Dados dos cidadãos portugueses: não há problema nenhum.

E para começar... Janeiro será um mês divertido. Teremos o cabecilha daquela quadrilha de bandidos que gamou anos a fio fundos europeus, ocupou o aparelho de estado com toda a sua família em 4º grau e fundou (para o poder melhor assaltar) um banco, como presidente da república - eleito à primeira volta e com uma votação à kim il sung.

Certamente haverá lá para meio do ano uns bons jogos de futebol da selecção ou dos clubes que farão boa figura nas televisões estrangeiras e nos encherão de orgulho de como o país é nobre e as gentes generosas.

Finalmente, não se esqueçam do significado subtil da expressão "levantai hoje de novo o esplendor de Portugal". E para o perceber, não precisam de ouvir o hino de trás para diante.

De resto espero que leiam um bom livro de quando em vez, que ouçam a música que vos dê na gana, que digam o que pensam, que pensem e que fotografem com gosto.

Então um bom ano de 2011 para os senhores e para as senhoras, sim?



| a vaca sisuda e eu próprio | foto ou coisa parecida do luis duarte | porto | dezembro de 2010 |