sábado, outubro 13, 2012

A culpa não é de Bruxelas.

Há praticamente um ano atrás, fotografei a manifestação global de 15 de Outubro.

Um grupo de indignados tinha ido a pé desde a porta do Sol até ao parque do cinquentenário. Ao contrário do que diria o cliché, esperou-os nesse dia um belo sol outonal em vez dos míticos dias cinzentos que, segundo alguns, são típicos nos restantes 364 dias.

Não há outra cidade como Bruxelas. Ouço muitas vezes dizer que a culpa é de Bruxelas. A culpa não é dela.

E porque me apetece, com uma dedicatória especial ao grande jornalista e escritor Jorge Marmelo.

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terça-feira, outubro 02, 2012

E fala português?

A cena decorre à noite, no parque de estacionamento de um centro comercial. O centro comercial está vazio. Há lugares de estacionamento livres. Há lojas falidas no rés-do-chão. Não há praticamente ninguém por ali.

Uma senhora vem ter connosco enquanto arrumo as compras. Pede umas indicações. Enquanto me viro, com os seu sotaque sul-americano, pergunta-me: "Fala português?". Eu nem sei se acredite no que ouço. Limito-me a sorrir e a dizer que sim. Que mais se pode dizer?

E depois ponho-me a pensar de onde vem semelhante pergunta. Quem nos observa lá de longe não fala português. Quem nos questiona do cimo dos pedestais não fala. Quem nos apascenta por aqui e por ali, não fala. Quem decide o que se passa não fala. Às vezes nem nós falámos. Ninguém parece saber do que fala, não é?

Esta short story é o melhor insight que se pode ter sobre os accomplishments recentes dos portugueses e das casualties que se anunciam em virtude do downsizing dos próximos anos. Poor us.

Estamos quilhados amigos. Os centros comerciais ficarão vazios. O país também. Quilhadinhos, amiguinhos, quilhadinhos... Valha-nos a América do Sul.

| restauradores | lisboa | setembro de 2012 |