Janeiro de 2014. Fecho os olhos. Acabou-se o ALT. Algures nos Estados Unidos um disco duro apaga-se para sempre. Tenho lá escritos, muita parvoíce pegada, alguns amigos.
Os discos são feitos para se apagarem. Os servidores serão todos enterrados num dia qualquer ainda por definir com exatidão. Mas no dia em que nos apagarmos nós próprios, nenhum servidor poderá saber aquilo que nos tocou numa noite às escuras. Um bébé que chora, um telefonema a anunciar a morte de um amigo, um relâmpago que dispara os disjuntores do quarteirão, uma mãe que decide cruzar um braço de mar com o seus filhos nos braços, um servidor desligado com gente lá dentro. Tudo esquecido no turbilhão da eternidade.
No dia seguinte, no entanto, que ninguém se engane: todos os despertadores tocarão indiferentes e a máquina de triturar gente continuará a trabalhar lentamente.
| Porto | Serralves | Janeiro 2014 |