A divulgação da fotografia amadora é em Portugal algo de inexistente. Quando comparada com a poesia, a escrita, a banda desenhada ou outras formas expressivas, verifica-se que nem sequer um circuito de distribuição de publicações alternativas existe. Observando aquilo que se passa na web o panorama é um pouco diferente.
Várias linhas podem ser encontradas, desde os sites pessoais onde diversos fotógrafos amadores e profissionais expõem os seus trabalhos, passando por portais interactivos (fotoalternativa, escrita com luz, fotojornalismo) que funcionam como mecanismos de colaboração, de exploração, experimentação e exposição de trabalhos. Para muita gente, tal como para mim, estes contactos e estas experiências são determinantes na procura de uma linha, de uma abordagem, de aperfeiçoamento técnico mas também como forma de cooperação e de conhecimento com gente que partilha a mesma paixão.
A inexistência de publicações de divulgação de fotografia ou até de mecanismos cooperativos entre fotógrafos é sintomático da lógica de funcionamento vigente. Uma lógica empresarial e comercial. Se excluirmos os nomes sonantes da fotografia (eles próprios já um sub-produto comercial) os próprios profissionais estão de alguma forma limitados na divulgação dos seus trabalhos a meia dúzia de concursos e/ou espaços. O facto de qualquer publicação que envolva fotografia exigir uma qualidade de impressão satisfatória faz crescer os custos e limita as possibilidades de criação de circuitos não comerciais. Quem quer que queira fazer algo mais coerente ou tem massa ou tem muito que foçar, lamber cús e pedir esmola...
A divulgação da fotografia amadora pode subverter esta lógica. Fazer com que criemos um mecanismo de divulgação que apoie e/ou seja apoiada numa rede de publicações alternativas, amadoras, jornais universitários, fanzines, publicações virtuais ou o que fôr.
Criando um movimento de fotógrafos que coloque as suas imagens no domínio do copyleft (por oposição ao copyright) é algo de fundamental. A discussão é complexa, tem muitos nuances mas significaria basicamente que as fotos não podem ser usadas com fins comerciais e podem ser usadas desde que seja sempre mencionado o autor e desde que o resultado desse uso caia também no domínio do copyleft. É um efeito de espiral e de apoio mútuo, onde os direitos são sempre guardados pelos autores, proibindo-se no entanto a rapina.
Uma explicação simples destas regras pode ser consultada no site da creative commons.
| sei de quem são as mãos | sei o local | não sei a data |
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