Confesso que não percebo muito o que é que pode levar um ser humano adulto a saltar horas a fio apenas porque um grupo de 11 matrecos ganha um jogo, um campeonato, uma taça ou outra merda qualquer. Não percebo muito bem, mas aceito tranquilamente que esse é um direito legítimo.
Há no entanto gajos que gostam de o fazer e, apesar disso, não reconhecem essa legitimidade a outrem.
Ontem, na minha cidade, um grupo de animais veio explicar que, na minha cidade, ou todos seríamos animais como eles próprios ou então seríamos apenas e só provocadores.
Assustadoramente, a raíz do mais profundo totalitarismo não reside na atitude de um grupo de poucas centenas de imbecis. Essa raíz reside na tranquilidade com que a restante cidade aceita de forma quase natural esta lógica macabra.
Gajos que eu sei serem inteligentes até podem explicar demoradamente o prestígio, a notoriedade, a projecção da imagem da cidade e o blá blá blá do costume que legitima a importância das empresas de futebol, S.A. Mas cá para mim isso é tudo conversa fiada. Uma cidade sem estádios podia não ser necessariamente melhor, mas evitava-nos ter que aturar bandos de animais, sejam eles anónimos ou publicamente reconhecidos. E nesse caso o prestígio da cidade seria indubitavelmente maior. Como o de qualquer outra cidade.
| Abril | 2005 |
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