Joana é uma gaja moderna. Filha de boas famílias, decidiu parir cedo. Gosto de imaginar que sim. Que isso foi resultado de uma decisão. Joana é além de moderna, uma gaja bonita.
Serafim Saudade explica: «As pessoas dividem-se em dois tipos: as do tipo A e as do tipo B. Por sua vez as pessoas do tipo B dividem-se em dois tipos.»
Joana é uma gaja do tipo B. Dentro desse grupo é das que não tem que se preocupar grandemente com a chegada do fim do mês e com os centavos sossobrantes ou como é comum noutras pessoas do tipo B, com os centavos em falta.
Joana tinha outro tipo de preocupações mais generosas do que estas questões mesquinhas de materialidade quotidiana.
Joana gostava de estudar, ampliar horizontes, perceber o mundo em que vivia e as pessoas que o povoavam. Estudar é bom. Eu sei que sim porque já estudei. Estudar no estrangeiro também é bom. Eu sei que sim porque também já estudei no estrangeiro.
Joana gostava de falar e discutir. Falar e discutir é bom. Eu sei que sim porque também gosto de falar e discutir.
Joana começou um dia a fazer política institucional. Nunca tinha feito aquelas coisas chatas de colar cartazes ou escrever panfletos para os distribuir. Eu sei que essas coisas são chatas porque também já as fiz. Mas para fazer política moderna é melhor que não seja uma coisa chata. Obviamente.
Miguel era um kota moderno. Mas a história dele não cabe aqui. Talvez por um pouco de pudor.
Mário não é bem um kota, é mais um velho elefante. A história dele será contada e recontada. Por isso também não cabe aqui.
Modernidade também se escreve com «M». Ele há coisas do caraças.
| Sura Mica | Roménia | 2005 |
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