Era um puto bestial. Bem disposto, inteligente, divertido. Muito à esquerda, participava em reuniões onde se discutia política e sempre, sempre se mostrava muito radical, muito intelectual - qualquer coisa - mas sempre muito, sempre muito mais que os outros. Enfim, andava por aí, por ali, mostrava-se, cumprimentava, aparecia mas na verdade ficava sempre a sensação que era um personagem ausente. Sempre que era preciso organizar, telefonar, mobilizar, fazer ou em conjunto construir alguma coisa o moço respeitava os seus compromissos todos: exames (muitos), aulas (a toda a hora) ou jantares de família (diários)...
Daqui a uns anos, quando fôr secretário de estado do oportunismo, onde declarará os grandes princípios da verdade absoluta, consubstanciados em citações fora de contexto de gente muito importante, de nomes da filosofia quer do renascimento quer contemporânea e sobretudo de muitos links para blogues, anunciando breves considerações sobre tudo e sobre nada, o moço será aquilo que se poderá chamar um moço de sucesso. A única questão que me atormenta é se será mesmo feliz. Evidentemente gosto de imaginar que não.
:)
| Wasabi com chá | Porto | 13 de Março de 2005 |
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