Mas é mais forte que nós. Quando nos perguntam uma coisa qualquer, temos que nos mostrar inteligentes. Temos que mostrar uma resposta que dê sentido ao mundo. Eu respondi: Brasil. Claro. Os americanos andam preocupados em colonizar Marte; os portugueses com a colonização do Brasil. Funcionou para todos antes de nós. Há-de funcionar para nós também. Espero.
Depois recebo na minha caixa do correio uma mensagem que diz: "Somos Menezes". Eu não sou Menezes. Na minha família ninguém é Menezes. Eu acho até que nunca dei o meu endereço de correio electrónico a nenhum Menezes. Aquilo deve ser spam (que é como o google se refere ao lixo que nos chega ao correio). Eu não sei. Mas, como sou débil, vou ler o que se trata.
Na Rússia, o presidente não pode ser presidente mais do que duas vezes consecutivas. Putin resolveu isso de forma elegante: foi acolá dar uma perninha como primeiro-ministro - o que pode ser visto como uma despromoção temporária - e depois voltou para ser presidente. As democracias não precisam destas manobras, aliás dispensam-nas bem.
Em Gaia, o presidente não pode ser presidente mais do que três vezes consecutivas. O Menezes resolveu isso de forma elegante. Vai ali ao Porto dar uma perninha como presidente. Neste caso deve ser visto como uma promoção. Gaia é maior, tem mais gente, melhores vistas, teleférico e até tem o El Corte Inglês. Mas o Porto é o símbolo; a medalha que melhor fica na lapela. Por cá a manobra vai passar como um exemplo. Estou certo que outros cidadãos o seguirão.
O email deve ter razão: Em Portugal somos todos Menezes. Vamos-nos safando com esquemas, saltando pocinhas e tornando a democracia criativa. Todos? Excepto essa minha amiga que anda a pensar exilar-se. Ou eu que tenho que trabalhar todos os dias, sem tempo para ser criativo na interpretação de leis.
Penso no Haiti. O Haiti não é aqui.
| tervuren | 2011 |
2 comentários:
Gosto!
Porque o brasil?
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