Estrela era uma rapariga nova. Enfim, relativamente nova, até porque a juventude extende-se cada vez até mais tarde. Com 22 anos decidiu viajar até à Bulgaria, onde casualmente se encontrou com uma tradutora de alemão para búlgaro. Esta chamava-se Natasha. Conversaram demoradamente sobre os respectivos países. Ao perceberem que partilhavam um interesse comum por fotografia, Estrela explicou-lhe a razão pela qual apenas fotografava a preto e branco.
O mundo é muito curioso a preto e branco. Tudo pode ser dividido com simplicidade entre branco e negro, essa dicotomia mágica, esse extase do Yin e Yang, que no fundo é a redução do planeta à sua essência de bondade ou maldade absoluta. Na verdade Estrela não acreditava em nada disso, mas esta ideia redonda servia para manter a conversa de circunstância com Natasha.
Meses mais tarde, um pouco a despropósito, Estrela recebe no seu telemóvel uma mensagem em que Natasha lhe pedia excepcionalmente 100 euros emprestados. Estrela retomou a sua tese sobre a simplicidade do mundo. Um mundo que se divide entre os que têm juízo e os que não dão passos maiores que as pernas.
Respondeu-lhe:
«the world's b&w. those who have 100e and those who don't. sorry mate.»
:D
| Polónia | 2003 |
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