Vivia numa pequena ilha do Arquipélago dos Açores. Tinha 43 anos e gostava de política apesar de nunca ter sido militante partidária. Na sua ilha todos a reconheciam como uma mulher honesta, cheia de capacidades e, ao contrário das dozes gerações anteriores, até sabia escrever. Tinha artigos publicados em revistas científicas francesas e alemãs, fundou um museu etnográfico em parceria com a escola local, desenvolveu projectos de alfabetização de adultos e chegou a publicar um jornal informação local. Doze números por ano.
Decidiu candidatar-se numa tarde de Setembro à Presidência da República. Dos 3850 eleitores da ilha, 2942 assinaram a sua proposta de candidatura. Pareceu-lhe abusivo ter que andar de avião para exercer um direito de cidadania.
Em 2006 vai de férias para a Guatemala. Enviará 2941 postais para a ilha. O duomilésimo nonocentésimo quadragésimo segundo seria para ela própria. À última da hora decidirá endereça-lo ao Palácio de Belém mandando foder com todas as letras o seu inquilino. Apenas por saudades de casa.
| C | na Sede | Gaia | Novembro de 2005 |
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