1. Dou por mim a pensar nos meus gostos fotográficos. Perante a possibilidade de comprar um livro, de demorar um pouco mais os olhos numa fotografia, invariavelmente caio sobre o foto-jornalismo. É um sentido do clássico que não sei explicar bem. Noutros aspectos da minha vida acho que o comportamento não é comparável. Na escolha de livros, músicas, filmes, ou mesmo quando se trata da escolha de uma refeição, os clássicos agradam-me mas não são necessariamente os meus preferidos.
2. Com chapéu na cabeça, uma mochila pequena às costas, cuecas q.b., três camisas, dois pares de calções, protector solar, uma garrafa de água e dinheiro no bolso, sairei de casa. Um pouco mais de mil euros. Terei sempre tempo suficiente para dormir depois de almoço. Jogarei às cartas com os velhotes pelo caminho. Comerei o pó dos jipes e das moto-quatro. Com o telemóvel enviarei fotografias ao fim do dia aos amigos e à família.
3. Com as notas dessa viagem não farei nada. Nem um blogue, nem um livro, nem uma sequência de crónicas de viagem. Mas não serão deitadas fora. Ao pé de uma lareira, em Trás-os-Montes, falarei disso numa noite de chuva sem televisão nem luz eléctrica. De manhã apreciarei os meus livros de foto-jornalismo. Serei mais velho.
4. Ando mais de avião do que o que gostaria. Leio menos do que o gostaria. Conduzo mais do que o que gostaria. Converso menos do que o que gostaria. Escrevo menos do que o gostaria. Fodo menos do que o gostaria. Uso palavrões mais do que o gostaria. Peso menos do que o gostaria. Já viajei tanto quanto gostaria. Durmo bem. Raramente bebo álcool. Apenas o que gostaria. Trabalho e cozinho às vezes.
5. E li o editorial da Máxima do mês de Agosto. Eu sei, é um comentário infantil. :D
|procissão do corpo de deus | porto | junho de 2007 |