Direitos
O narrador que cumpra com o dever de refutar os estereotipos citados tem direito a ser deixado em paz por aqueles que enchem os seus bolsos propagando-os (cronistas da sociedade, papparazzis culturais, etc...). Qualquer estratégia de defesa das intrusões deve basear-se em não secundar a lógica. Em resumo, quem queira fazer-se divo, posando em insulsas sessões fotográficas ou respondendo a perguntas sobre qualquer tema, não tem nenhum direito a lamentar-se pelas intrusões.
O narrador tem direito a não aparecer nos meios de comunicação. Se um picheleiro decide fazê-lo, ninguém o atira à cara nem o acusa de snobismo.
O narrador tem o o direito de não converter-se num animal amestrado de salão ou num gossip literário.
O narrador tem o direito de não responder a questões que não considere pertinentes (vida privada, preferências sexuais e gastronómicas, costumes, etc...)
O narrador tem o direito de não se fingir especialista em qualquer assunto.
O narrador tem o direito de opôr-se com a desobediência civil às pretensões de quem (editores incluídos) queira privá-lo dos seus direitos.
Wu Ming
Verão de 2000.
| Carnaval | Podence | Fevereiro 2004 |
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