terça-feira, março 13, 2007

Podia ser uma história das que começa com "era uma vez"

Imaginem que conheci uma vez um gajo que apesar de urbano de gema (podia viver em Coimbra, Braga ou no Porto - escolham o que vos apetecer) tinha uma costela tão grande de Viseu que abdicava frequentemente de pensar. Naquelas conversas de circunstância em frente a um croquete e uma cerveja ele era impelido naturalmente a falar bem dos governos PSD. Nem sequer da mitologia cavaquista - até do Durão Barroso ele falava com simpatia em plena época de incêndios. Os croquetes nunca foram muito bons para o colestrol.

Conheci uma vez um tipo que adorava a filha. Naturalmente. A miúda crescia rapidamente, como todas as miúdas e já estava praticamente a fazer 4 anos. Estava na altura de convidar os amiguinhos da catraia para uma festa de aniversário. Feliz da vida ele explicou-me como havia empresas que tratavam de tudo, enfiavam os putos num pavilhão cheio de bolas e jogos variados e não era preciso tratar de nada. Adorar os filhos é um processo complicado.

Uma vez conheci um gajo que chegou a um alto cargo do estado. O tipo tinha um discurso muito avant-garde. Falava sobre direitos, opções, escolhas, responsabilidades sociais, liberdades. Tudo coisas maravilhosas. Aliás ele próprio era maravilhoso e saibam que ele - mais do que ninguém - acreditava nisso. Um dia calhou-me fazer com ele uma viagem do sítio A para o sítio B. O sítio A ficava a 80 quilómetros do sítio B. Teríamos que estar no sítio B dali a 30 minutos. O gajo decidiu parar rapidamente num café do sítio A, por apenas 5 minutos, para enfiar um uisque de golada. Agora sim, poderíamos assapar na auto-estrada a mais de 160kms por hora. Chegamos ainda assim um pouco atrasados, mas às putas tudo se perdoa.


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