Das coisas mais bem inventadas dos tempos modernos é a proibição de fotografar. Lembro-me dos tempos em que não se podia fotografar nos aeroportos. Imagino que tenham percebido que a gosma suicida não precisasse das fotografias para nada. Ainda me pus a puxar pela cabeça porque razão não se poderia fotografar na igreja arménia de Plovdiv. Porque poderia ser atacada à bomba por integralistas Turcos? Porque é demasiado pobre para ser mostrada em público? Porque tem dizeres obscenos escritos em arménio nos tectos? Não faço ideia.
Pode uma cidade resumir-se a um fabuloso gelado? Não é bem assim. Pode uma cidade resumir-se a um passeio por um jardim onde se joga xadrez, a uma estação dos correios de estilo neo-realista e a um fabuloso gelado? Pode.
Partimos de Plovdiv a seguir ao almoço, atravessando metade do país com temperaturas acima dos 40ºC. Felizmente alugámos um Toyota, penso várias vezes.
À chegada a Nesebar penso no terrível erro cometido. Passaremos duas noites num sítio que parece Albufeira ou, melhor ainda, a Quarteira. Repito inúmeras vezes: «isto é horrível», até que os meus companheiros de viagem me proíbem de usar a palavra.
No balcão do hotel perguntamos como nos dirigimos até à cidade antiga (património mundial). A funcionária admira-se com a nossa pergunta. Mau presságio, penso eu, enquanto repito: isto é horrível.
| moinho | nesebar | bulgária | junho 2007 |
Depois de um jantar tardio em que não paro de transpirar, percorremos a pé a cidadela de Nesebar. À entrada do istmo, o velho moinho comunitário. Lá dentro, parece-me que acabei de entrar na feira de Espinho. E na verdade recebo de oferta uma camiseta do escrete, comprada nos ciganos.
Já passa da meia-noite, o calor continua insuportável. É a hora do S. se juntar aos búlgaros que tomam banho de mar. Eu fico nas margens a vê-lo misturar-se no negro do mar.
| o homem laranja no mar negro | nesebar | bulgária | junho 2007 |
2 comentários:
Olha, estás como eu... que ainda estou a digerir a Roménia... :)
Bulgária tvz pro ano, a Macedónia é quase certo... :)
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finalmente reconheces o papel fundamental que os correios tiveram na viagem... estás perdoado pelos horriveis :)
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