Dos anticorpos mútuos que guarda com correntes trotskistas europeias (a propósito, foi publicada uma tradução portuguesa de um livro que resume esse rendilhado), Negri acusa-as de fazerem coro com os Estados Unidos no sentido de derrotarem a constituição e a sua fénix, o tratado de Lisboa.
O argumento em si esclarece pouco e não junta nada à discussão. Aliás Negri poderia usar a mesma figura de estilo, acusando a extrema-esquerda europeia de fazer coro com a extrema-direita. Teria o mesmo significado intelectual.
De Negri fica-me exactamente a mesma sensação com que fiquei ao acabar de ler o Multidão: Negri fica paralisado perante a acção em política. Mas se em Multidão se encontra uma análise séria e interessantíssima do panorama internacional, este artigo é um panfleto no seu pior sentido.
É evidente que há inúmeros matizes nas formas que o "não" da esquerda toma perante a constituição e por isso o que mais surpreende é que alguém com a bagagem de Negri os escamoteie, metendo num mesmo saco um arco-iris (ou uma multitude, conforme a terminologia) de opiniões.
Parece no mínimo ridículo pensar que a Constituição poderia "afundar o Atlântico", quando o texto do novo tratado assume desde logo a centralidade da Nato no respeitante à defesa europeia. Diz assim:
"Os compromissos e a cooperação neste domínio respeitam os compromissos assumidos
no quadro da Organização do Tratado do Atlântico Norte, que, para os Estados que são
membros desta organização, continua a ser o fundamento da sua defesa colectiva e a
instância apropriada para a concretizar"
A Europa é a nossa terra, tal como esta é a minha rua, mas a mim deixa-me algum incómodo esta leitura de "nacionalismo europeu" que se adivinha nas entrelinhas do que escreve Negri.
| mosteiro de rila | bulgária | 2007 |
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