domingo, setembro 21, 2008

Negri strikes back

Num artigo no diagonal, António Negri, relança uma discussão que será central em 2009 (se é que não central há muitos anos).

Dos anticorpos mútuos que guarda com correntes trotskistas europeias (a propósito, foi publicada uma tradução portuguesa de um livro que resume esse rendilhado), Negri acusa-as de fazerem coro com os Estados Unidos no sentido de derrotarem a constituição e a sua fénix, o tratado de Lisboa.

O argumento em si esclarece pouco e não junta nada à discussão. Aliás Negri poderia usar a mesma figura de estilo, acusando a extrema-esquerda europeia de fazer coro com a extrema-direita. Teria o mesmo significado intelectual.

De Negri fica-me exactamente a mesma sensação com que fiquei ao acabar de ler o Multidão: Negri fica paralisado perante a acção em política. Mas se em Multidão se encontra uma análise séria e interessantíssima do panorama internacional, este artigo é um panfleto no seu pior sentido.

É evidente que há inúmeros matizes nas formas que o "não" da esquerda toma perante a constituição e por isso o que mais surpreende é que alguém com a bagagem de Negri os escamoteie, metendo num mesmo saco um arco-iris (ou uma multitude, conforme a terminologia) de opiniões.

Parece no mínimo ridículo pensar que a Constituição poderia "afundar o Atlântico", quando o texto do novo tratado assume desde logo a centralidade da Nato no respeitante à defesa europeia. Diz assim:

"Os compromissos e a cooperação neste domínio respeitam os compromissos assumidos
no quadro da Organização do Tratado do Atlântico Norte, que, para os Estados que são
membros desta organização, continua a ser o fundamento da sua defesa colectiva e a
instância apropriada para a concretizar"

A Europa é a nossa terra, tal como esta é a minha rua, mas a mim deixa-me algum incómodo esta leitura de "nacionalismo europeu" que se adivinha nas entrelinhas do que escreve Negri.

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| mosteiro de rila | bulgária | 2007 |

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