Querido Mundo,
voltando à velha discussão... Já sabes que isto ainda está por debater em frente a uns pimentos padrão e umas cervejinhas.
Vou discutir isto com menos bibliografia que tu, algo que sei que não te deixará melindrado. :-)
Para começar falo-te de um dos princípios elementares de qualquer programador iniciado: o «se, então, senão» [if, then, else]. Com esta regra de decisão tão simples, muitos problemas da humanidade têm sido resolvidos. Isso porque os computadores são só ["só" :D ] máquinas de estado. Em certo sentido não são muito diferentes dos primeiros teares mecânicos, capazes de "recordar" um padrão para a criação de um tecido.
Isto tudo por causa do Negri? Sim, por causa do Negri. Por trás da sua capa de pensador contemporâneo sinto que o Negri nesta discussão sobre a Europa comete um erro elementar. Olhar para um processo social como sendo uma condição "if, then, else" é algo que nem um programador iniciado comete. Pela simples razão que as pessoas não são máquinas de estado, nem teares mecânicos.
Defender a instituição do neo-liberalismo pan-europeu para o melhor combater é por si só um pouco esquizofrénico. Mas afirmar que um "processo constituinte" só pode ser obtido percorrendo esse caminho é o típico argumento "mecanicista", comum aliás a muitas das discussões da esquerda. Com a devida distância, é uma linha de pensamento particularmente acarinhada pelos estalinistas na sua lógica de "revolução nacional" seguida de "revolução operária", que pretende mimetizar a todo o custo e em qualquer sítio do mundo a revolução russa (paz à sua alma).
E é falso pensar que todo o "não" ao tratado/constituição é exclusivamente uma resposta nacionalista, como de forma tão divertida o desmontou o Paco.
Esta é uma discussão exclusivamente táctica. Ao fim e ao cabo nunca se discute a essência do projecto. Mas penso que poderíamos mandar um mail ao Negri, mandando-o passear com o seu argumento profético "if, then, else". É um argumento que não poderemos aceitar, excepto se estivermos a falar de software.
:p
| a multitude e um acordeão | euro 2004 | porto | 2004 |
Sem comentários:
Enviar um comentário