quarta-feira, dezembro 14, 2005

Não estou para o aturar.

Ao abrir a porta, o Sr. Alves encontrou com surpresa uma pequena festa de despedida dos seus colegas de trabalho. Ali estavam todos. Mesmo os mais rudes, neste fim de tarde sorriam, como se disso dependesse a memória agradável que ele guardaria do emprego, durante toda a reforma. Ficou surpreso e em certa medida satisfeito. A dada altura, já após os primeiros comes e bebes, sr. director começou a tecer considerações sobre a importância da dedicação dos trabalhadores, da sua entrega à empresa. Ventura pensou nos seus 584,32€ de reforma e no Mercedes do sr. director. Pediu a palavra e disse sorrindo: «Sabe sr. director, ao fim de 40 anos, de 8 directores e de 3 locais de trabalho, e uma vez que vou para a reforma, até podia dizer que já não estou para o aturar». Após a gargalhada geral apenas duas pessoas souberam que aquelas palavras eram sentidas. O sr. director lembrar-se-á delas no seu leito, momentos antes da morte e isso será uma das poucas coisas que partilhará com o sr. Alves.


| N | na Sede | Gaia | Novembro de 2005 |

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