É um anúncio urbanístico premonitório. Vindo de automóvel do norte, entra-se em Nápoles pelo Sul. A cidade explica-se por si só desta forma. As cidades têm a sua personalidade própria e aquelas que são difíceis de explicar são-o porque são também difíceis de compreender. Assim que se entra na Piazza Giuseppe Garibaldi em plena hora de ponta, a cidade anuncia-se e explica-se. Não há carros em Nápoles que estejam impecáveis. Todos estão riscados, batidos, amolgados, amassados. Em paralelo percebe-se que um semáforo verde é uma indicação para avançar, mas o vermelho é apenas uma indicação para abrandar. As passadeiras são objectos decorativos e os passeios são a melhor forma das motorizadas escaparam ao trânsito do fim do dia. Provavelmente tudo isto são factos não correlacionados.
Meter num mesmo centro histórico, lado-a-lado, as ruas requintadas de Paris e as ruelas da Sé do Porto é uma coisa desconcertante. Mas mais desconcertante é entrar numa qualquer igreja e ver rapazes e raparigas com 16, 18 anos à espera para se confessarem. Desconcertante apenas porque com essa idade é natural que não tenham carta de condução. Pensando melhor, talvez por isso o façam...
| Portugal não tem nada a esconder | Linhares | Janeiro de 2004 |
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