sexta-feira, junho 09, 2006

Plataformas petrolíferas ao pôr do sol.

Já a mais de três horas e meia de caminho a partir de cidade, quando encontrou por acaso um vizinho velhote sentado ao fim da tarde à volta de uma fogueira mortiça, sentou-se. Com os olhos perdidos nas crianças que apareciam e desapareciam no meio do arvoredo, deu consigo a pensar nas velhas histórias do Enki Bilal que o seu pai lhe tinha dado a ler pela primeira vez em 2024, quando, com 18 anos, se meteu pela primeira vez a caminho de Timor.

Afinal o apocalipse aparece de mansinho. Primeiro todos vêem pequenas notícias na televisão que não se percebem muito bem. Depois surgem notícias e notícias menos vistosas que a maioria vai considerando alarmistas. Finalmente a colónia muda pela terceira vez de mãos.

Tira o passaporte do bolso de trás das calças e vai desfolhando-o como se estivesse de novo em casa com as BDs do seu pai na mão. Primeiro as do Jodorowsky, depois as do Bilal e finalmente as do Júlio Pinto. Com essa ideia na cabeça sorriu para o vizinho velhote, guardou o passaporte e foi fotografar as crianças.


| Não respire. Pode respirar. | Porto | Outubro de 2005 |

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