sexta-feira, junho 30, 2006

As taras de Malaquias.

Ao atravessar o corredor, no meio da gente molhada pela chuva matinal, olho-o na face. A caminho do emprego, a mesma expressão atenta e opaca, o mesmo caminhar pausado e determinado. Um chapeu ridículo na cabeça.

Preparei-me para estender o braço e pará-lo. Levantar-me do banco e conversar durante a curta viagem. Afinal de contas conhecemo-nos desde o ensino secundário. Partilhamos amigos, conversas, discos de vinil, ensaios de bandas em garagens, concertos entre gente conhecida.

Não senhor. Não abri o bico. Deixa-o ir. Que se foda. O gajo de manhã é um chato. Fala alto que se farta. Só despeja banalidades e quando fala sério não dá uma para a caixa. Ainda por cima estou bem sentado.

O dia começa assim. Entre desconhecidos arrepiantes e um conhecido banal, preferi os primeiros, a quem não nego uma palavra simpática de cada vez que a mim se dirigem.

Ultimamente até por mail o faço. Não consigo dizer: que se foda. E os desconhecidos continuam a imaginar-me como um elfo: uma criatura simpática, mágica e maravilhosa. Mais uma lenda, portanto.


| Casa da Música | Porto | Junho de 2006 |

2 comentários:

Susana Fonseca disse...

desafio cinematográfico...

Lis disse...

consegues pois:-)
Lis