quarta-feira, julho 26, 2006

Do outro lado do espelho, a guerra.

«(...) há o caso do Mensageiro do Rei. Está neste momento na prisão, a cumprir a pena; mas o julgamento não começa senão na próxima quarta-feira. E é claro que o crime só vem no fim de tudo.
-E se ele nunca chegar a cometer o crime? - perguntou Alice.
-Tanto melhor, não é? - disse a Rainha, enquanto prendia adesivo à volta do dedo com uma fita.
Alice achou que não podia de maneira nenhuma negar isso.
-Claro que seria muito melhor - disse ela -, mas o que não seria melhor era ele ser castigado.
-Seja como for, estás enganada nesse ponto - disse a Rainha. - Já alguma vez foste castigada?
-Só quando fiz maldades - disse Alice.
-Pois tanto melhor para ti, estou certa disso - afirmou a Rainha, triunfante.
-Está bem, mas é que eu fiz mesmo as maldades por que fui castigada - disse Alice -, e aí é que está a diferença toda.
-Mas se não as tivesses feito, teria sido ainda melhor; muito melhor, muito melhor, muito melhor!
A voz dela ia subindo mais alta cada vez que dizia "melhor", até se tornar por fim num verdadeiro guincho.
Alice ia explicar: "Há qualquer coisa que não está certa..." quando a Rainha começou a gritar tão alto que teve de interromper o que estava a dizer.»


Alice do outro lado do espelho, Lewis Carroll. Tradução de Vera Azancot; Publicações Europa-América.


Ser rainha implica várias coisas. Entre elas definir regras sobre:
a)quem deve ser castigado e com que pretexto.
b)quem tem razão em qualquer discussão e quem não a tem.
c)de que maneira os vassalos devem gramar calmamente a gritaria do poder.


| Rabo de Peixe | Açores | Junho de 2006 |

2 comentários:

Armindo de Jesus disse...

As esquerdas anti-semitas


Vasco Graça Moura
Escritor
vgm@mail.telepac.pt

Assiste-se a um inacreditável branqueamento do terrorismo. Logo a seguir ao 11 de Setembro, as esquerdas pós-soviéticas esfalfaram-se a explicar o baixíssimo nível de desenvolvimento das sociedades onde campeia o fanatismo islâmico, o que, como não podia deixar de ser, era da responsabilidade do Ocidente




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Armindo de Jesus disse...

Disseram lamentar a chacina mas no íntimo rejubilaram. O poderio norte-americano, a democracia representativa, a civilização ocidental, tudo isso era posto em causa por uma horda suicida. Não faltaram os malabarismos intelectuais repugnantemente apologéticos.

No conflito palestiniano, os pós-soviéticos não se impressionam com a perda de vidas civis causada pelo terrorismo em Israel (e ainda menos com os sucessivos genocídios que têm vitimado milhões de seres humanos em África).





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