segunda-feira, maio 07, 2007

Sexo e tabaco.

Para mim estas coisas começaram na escola.

Há coisas que nunca perceberei. Uma é a ligação entre as motas, o tabaco e o sexo. As Yamahas DT, as Casal Boss e as Vespas eram o objectivo de vida de 50% da população da escola secundária. Ter uma lambreta era a sorte grande. Para os infelizes que não chegavam lá havia sempre a possibilidade de fumar nos intervalos. Havia até quem combinasse motas e tabaco. E tudo isto estava ligado a um mito bem estabelecido: o sucesso face ao sexo oposto.

Eu sempre senti curiosidade por outras coisas. Uma delas o sexo propriamente dito. A outra era a música. Preferi passar a adolescência a passear enormes LPs de casa para escola e da escola para casa.

Mas deixemos as motas de lado. Desde que vi há uns anos o filme da Emmanuelle, que não via uma ligação tão íntima entre sexo e tabaco.

Há coisas que eu nunca perceberei. O prazer de inalar alcatrão é uma delas. A maioria dos fumadores acham que o fumo no espaço público pode ser moderado em ambientes "sérios" - no trabalho, nas escolas, nos museus, nos cinemas, nos transportes públicos... Mas quando se trata de "lazer" a coisa muda de figura. O cigarro é "lazer". Por isso os cafés, restaurantes, bares e discotecas são feitos naturalmente para fumar. Naturalmente. Isso nunca será visto como uma violência colectiva pela maioria dos fumadores. Naturalmente.

Deixei de sair à noite há uns anos precisamente por causa do fedor a tabaco. E por causa de outra coisa importante: a música e o sexo. :)

Há coisas que eu nunca perceberei. A mística à volta do cigarrinho pós-coital é uma delas. É que - aqui me confesso - nunca me enrolei com uma fumadora. Acasos da vida.

Ainda posso falar das incoerências de discussões partidárias, onde discutindo-se acesamente assuntos como (ora deixa ver...) a ecologia ou serviço nacional de saúde, enchem-se durante horas, salas com fumo de tabaco, cagando literalmente em noções básicas de poluição, saúde pública e de bem estar colectivo. Triste. Patético.

Há alguns anos que não participo em reuniões dessas. Acasos da vida.

velho marco de correio
| marco de correio | casa dos avós | Trás-os-Montes | 2006 |

11 comentários:

luis disse...

gosto da foto

gosto do texto (revi-me nele, claro)


...


horizonte? que horizonte? ;-)

Anónimo disse...

Como te compreendo, principalmente quando dizes que deixaste de sair à noite... Felizmente há coisas bem mais interessantes para fazer que não envolvam tanta "poluição atmosférica".

ana disse...

hm, metade de mim concorda, sem dúvida alguma!. Eu fumo e passo-me em ambientes viciados (quando não estou distraída e isto sim é importante - A distracção).
A outra metade discorda e é a favor de fumos sociais (para isso cria-se a "diferença" entre salas e vícios... E também ligo à distracção.
Sexo e Música sem dúvida.Absolutamente.
mas lá está não somos todos iguais, e ficar em casa sempre a fazer sexo e a ouvir música consegue ser uma espécie de prisão a longo prazo para moi e para muito boa gente. Pelos simples prazer de ver malta, troles marados freaks blabla viciados e sem esse fumo no ar não sei se será possível. Bom, não sei. Se calhar até é...
hmmm é mais uma separação e pronto a bem da saúde. Contra isso, nada.
Como me disse uma média: nada é veneno, tudo é veneno.

ana disse...

médica

Unknown disse...

Nit, isto é um exercício de "exageração" da minha parte.
;)

De qualquer maneira não te choca que os não fumadores tenham que ficar em casa e - para esses - isso também possa ser entendido como uma espécie de prisão?

A mim não me choca minimamente que haja espaços onde se possa fumar. O que me choca é que fumar seja a regra e não a excepção.

ana disse...

ieap, ou seja, isto mais uma x ultrapassou-nos. O ppl num comunica e tal e os de cima pegam nas reguadas e se não se entendem, não há respeito toca a botar leis. É assim mesmo :P
(claro que concordo contigo pah, seria impossível, a razão tá do vosso lado - nãofumadores.)
Falam em fundamentalismo mas é mais 1 fatalismo.

disse...

Apesar de não concordar com algumas ideias tuas, entendo que a escrita faz perdoar todos os outros pecadilhos.
Parabéns.

disse...

Fica o convite para passar lá pelo nosso espaço
http://ardecuidar.blogspot.com/

leandro ribeiro disse...

E uma erva, vai?

8-)

Anónimo disse...

Seria bom trocarmos umas ideias sobre o assunto... nomeadamente sobre as vantagens do tabaco
a) quantas gajas impressionaste com uma pilha de LPs debaixo do braço?
b)passear-me pelo liceu com uma cópia do Closer debaixo do braço só impressionava gajos... enquanto o ar desprendido e blaséé com que eu acendia os meus cigarros... ainda há bem pouco tempo fazia a minha mulher suspirar...

Deixei de fumar há dois anos... ontem voltei a ouvir o Closer

Unknown disse...

Mais sorte teve a tua mulher que o Ian Curtis, é o que te tenho a dizer.