Há muitos anos atrás, a escola inteira ficou em pé de guerra. Todos deveríamos munir-nos de uns toscos óculos azuis e vermelhos (que sempre me fizeram lembrar o plástico envolvente do queijo flamengo) para poder ver o monstro da lagoa negra a três dimensões. Em menos de nada, recorrendo a um objecto tão trivial, todas as salas do país iriam transformar-se no mais puro ambiente de ficção científica. Todos seríamos transportados 100 anos para o futuro. Os nossos tubos de raios catódicos iriam deixar-nos a um pequeno passo da video-conferência tridimensional, do tele-transporte ou doutra coisa qualquer que a imaginação permitisse. A transmissão do filme deve ter tido tanta audiência como o final do Roque Santeiro. No entanto nada daquilo funcionava como anunciado. As três dimensões não apareceram em lado nenhum, o filme era um pouco menos que miserável, toda a experiência se resumiu a uma mobilização social grotesca cujo único resultado foi a venda de óculos de papel com plástico azul e vermelho sem qualquer utilidade. Mas desta história tirei várias conclusões, uma das quais muito simples: quando anunciam coisas que vão para lá do que é evidente e razoável, o mais provável é ser uma aldrabice.
Podia juntar as duas histórias para falar de ateísmo e essa associação seria até óbvia, mas não, não é isso.
Eu quero juntar as duas histórias para falar da Grécia. Já falei. É, é apenas isto.
| parque do woluwe | bruxelas | fevereiro de 2012 |
1 comentário:
escreves bem e acertado. ;)
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