quinta-feira, agosto 10, 2006

Um jetlag intercontinental

Saí de casa quarta-feira às oito da manhã para ir trabalhar, como é comum em todas as quarta-feiras. Não imaginava que o meu dia de trabalho acabaria apenas no dia seguinte, já depois da uma e meia da tarde.

Trabalhar toda a noite de surpresa, faz com que se vão respondendo aos telefonemas de formas muito variadas.
-Por volta das sete da tarde imaginamos estar em casa às onze apenas para comer uma sopa antes de ir dormir.
-Às dez e meia da noite respondemos que só vamos jantar qualquer coisa ali perto àquela hora.
-Antes da uma da manhã já contamos chegar a casa apenas às seis ou sete para o pequeno-almoço.
-Às dez e meia da manhã já só se atende o telefone se fôr da administração. Ainda assim recordo-me vagamente de ter recebido um oportuno sms a perguntar-me se estaria muito atarefado.

Trabalhar toda a noite de surpresa encerra outras surpresas. A surpresa de ver o dia nascer enquanto se passa de uma sala técnica para outra. A surpresa de descobrir às nove e meia da manhã que a cada endereço MAC corresponde um ser humano [não digam a ninguém, mas esta manhã cheguei a falar com vários endereços MAC]. E a surpresa de descobrir o jetlag numa viagem de apenas uma hora.

De regresso à cidade, as pessoas comem lombo assado, arroz de polvo, bacalhau cozido ou feijoada à transmontana quando o corpo pede apenas um iogurte e uma bolacha maria. Na estrada as pessoas comportam-se como se estivessem a começar um dia quando o corpo pede para cair num sítio qualquer e dormir uma meia dúzia de horas. À noite, sentado numa cadeira de plástico ao relento, pensamos em telefonar a meia dúzia de pessoas. Todas dormem. O corpo não engana. As viagens intercontinentais são coisas profissionalmente lamentáveis.


| baptizado | foto quase falhada | Portugal | Junho 2006 |

1 comentário:

intruso disse...

foto quase perfeita