Durante anos, Deolinda foi perdendo o rasto aos seus amigos de infância e adolescência. Logo no final do ensino secundário com as escolhas de diferentes faculdades e universidades, sem telemóveis, correio electrónico, blogues ou áifáives muitas das amigas do peito passaram a memórias reavivadas esporadicamente de ano a ano ou nem isso.
Passaram-se os anos. Acabaram-se os cursos. Vieram os primeiros empregos. Depois vieram os segundos empregos. Vieram os mestrados e os doutoramentos. Vieram as partidas para outras cidades. Vieram as primeiras crianças. E vieram os primeiros encontros de antigos alunos.
E tudo isso se resumiu para Deolinda a uma única coisa: perceber que se tornou numa pessoa séria, eloquente, com algum sucesso profissional mas muito chata. Não havia grande coisa que a distinguisse para além do seu BMW descapotável. Tinha entrado na idade adulta pela porta da frente e dela não conseguiria libertar-se.
| bruxelas | abril 2008 |
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