«C'est l'histoire d'une société qui tombe et qui, au fur et à mesure de sa chute se répète pour se rassurer : "Jusqu'ici tout va bien, jusqu'ici tout va bien, jusqu'ici tout va bien." Mais ce qui compte c'est pas la chute. C'est l'atterrissage.»
Conheci o Olivier em 1998. Eu estava de passagem por França, a caminho de uma licenciatura em (deverei dizê-lo?) Engenharia. Na altura vivia apaixonado pelo filme do Kassovitz: «O ódio».
Evidentemente essa paixão não me toldava a razão. Tinha algum receio, até porque me dirigia para uma das zonas com maior taxa de criminalidade da Europa. Nos primeiros dias tremia de cada vez que me pediam "une clope" no RER.
Lembro-me que a sua companheira da altura era brasileira e por isso falava razoavelmente bem português. Ele fazia parte dentro da LCR da tendência R. Uma noite, depois de um jantar mais tardio, em vez de me meter no RER para casa, acabei por ficar em casa dele.
A tendência R, mudou entretanto. Fundiu-se, cindiu-se, extinguiu-se não faço ideia. Já desisti há muito de compreender as idiossincrassias obscuras das tendências trotsquistas. De qualquer maneira devem ter dado a volta ao velhinho Alain Krivine e o Olivier foi hoje candidato presidencial pela segunda vez. Em Portugal, por um preceito constitucional bastante cretino (artigo 122), não poderia sê-lo.
Já lá vão nove anos (e não sete meses, como poderiam ser tentados a pensar). Não posso deixar de sorrir ao ver como aquele gajo, sem deixar de ser carteiro, sem nunca se dedicar profissionalmente à política, acaba de arrumar a candidata comunista e mesmo a decana Arlette Laguiller - essa sim, o verdadeiro postal da política francesa.
Dos tempos que lá passei guardo óptimas memórias. De vez em quando ainda me sai um palavrão em francês - como se fosse eu próprio o Merovingian.
Mas o melhor de tudo é mesmo um cd que ali tenho na gaveta. Ponham-no a tocar no dia do meu funeral.
Mas se não quiserem esperar. Podem ouvir já uma amostra. Com um brinde ao Olivier.
| Jusqu'ici tout va bien | 22 de Abril de 2006 |
2 comentários:
no verão de 2002 perguntei ao Olivier porque falava um portuguÊs tão fluente. ficou tão embraçado e corado que não foi preciso mais resposta. :)
ao Olivier!
A razão chama-se Flavia. ;)
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