Aterrei de noite no aeroporto de Sófia. Onze e tal da noite. O estômago enganado pela comida rasca que é distribuída no avião. Desejava duas coisas: conversar com o doido do S. um bom bocado e comer qualquer coisa digna do nome de refeição.
Entretanto pensava nas minhas outras viagens para leste. Pensei várias vezes nos subúrbios de Praga e nos seus eléctricos, nos edifícios das grandes avenidas de Bucareste, nas planícies da Hungria, na costa Croata... às vezes é melhor viajar sem quaisquer referências e deixar que a surpresa tome conta de nós.
Primeira surpresa: a Bulgária não faz parte do espaço Schengen. Oito cabines com polícia de fronteira a aviarem um avião inteiro. Mais uma fila. Como sempre, a minha fotografia barbuda do passaporte, faz com que olhem para mim meia dúzia de vezes antes de me agradecerem qualquer coisa que eu não sei bem o que é. Thank you para ti também e não me chateies mais - pensei.
Ainda tenho tempo de ver que os tapetes de bagagem são fabricados pela Efacec. Até que finalmente saio porta fora. Ahhhhhh!!!!
Um calor tremendo. Onze da noite e a temperatura a rondar os 30ºC. Um aperto forte nos ossos do S. que se ri de mim por viajar de calças e casaco.
Alugar o carro e ala para o centro de Sófia. Vamos comer e conversar. O S. não mudou nada. Ainda bem. Só por isso a viagem já teria valido a pena.
Fico com a sensação agradável que as placas em cirílico não são o chinês que imaginei que pudessem ser. Consigo soletrar as palavras. O mesmo não pode dizer o polícia que me faz parar numa operação stop no regresso ao hotel às duas da matina. Olha para o meu bilhete de identidade e percebo que não faz puto ideia daquilo que está a ver. Chama os outros dois bófias. Ao fim de alguns olhares em silêncio, mandam-nos seguir. Concluiram que não represento perigo para a segurança do estado. Esqueceram-se de ver as toneladas de explosivos de fabrico doméstico dentro dos rolos fotográficos.
| S. | restaurante 24h | sófia | bulgária | junho 2007 |
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